domingo, 29 de maio de 2011

Cânones poéticos entre os Corpos de Frans Krajcberg e os corpos dos dançarinos do ACC DANA

 Por Cátia Assunção
                                                                                                   
 No dia 13 de Maio houve o passeio Cultural do ACC Acessibilidade em Trânsito Dana 59, coordenado por Profª Fátiama Daltro (Espanha) e Profª Lenira Rengel (Brasil) no Museu Rodin Bahia. Com objetivo de favorecer apreciações artísticas e análise crítica dos participantes, assim como possibilitar o acesso a cultura e aos espaços públicos as Pessoas com Deficiência. No processo de construção do contexto social inclusivo. As obras apreciadas foram de Rodin1 e de Frans Krajcberg2.
 Para esse relato foi escolhida à perspectiva da obra do artista plástico Frans Krajcberg intituladas O grito da Amazônia. Exposição realizada pela Secretaria de Cultura do Estado, por meio da Diretoria de Museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (SECULT/DIMUS/IPAC), a mostra integra as comemorações dos 90 anos do artista e marca, ainda, a entrega de suas obras ao Governo, após ter assinado um termo de doação de todos os seus bens aos baianos. A exposição Grito! Ano Mundial da Árvore foi aberta dia 07 de abril, às 19h, na Sala Contemporânea do Palacete das Artes Rodin Bahia e poderá ser visitada até o dia 05 de junho.
 O artista cita que e a natureza deu-lhe a força, devolveu-lhe, o prazer de sentir, de pensar, de trabalhar, de sobreviver. Quando estou na natureza, eu penso a verdade, eu falo a verdade, eu me exijo verdadeiro. A declaração de Frans Krajcberg um dos artistas visuais mais importantes e polêmicos de sua geração – revela o caminho escolhido por ele para a construção de seu trabalho: fazer da arte um grito a favor do planeta.
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1 Frans Krajcberg Pintor, escultor, gravador e fotógrafo, nasceu em 1921, na cidade de Kozienice (Polônia).
2  Nascido François-Auguste-René Rodin, as primeiras esculturas de Rodin foram feitas na cozinha de sua mãe, com massa que ela usava para fazer pão. Rodin conquistou fama em vida, e suas obras chegaram a ser as mais apreciadas no mercado de arte europeu e americano. Hoje em dia encontram-se nos museus mais importantes do mundo.

A exposição oferece a Salvador o privilégio de cuidar de um dos acervos mais expressivos da arte contemporânea mundial. “Grito!Ano Mundial da Árvore marca a assinatura do termo de doação de todos os bens de Krajcberg para os baianos. Agora, nossa principal missão é garantir a salvaguarda integral deste precioso legado, permitindo a perpetuação de sua rica obra, composta por esculturas, desenhos, relevos, fotografias, vídeos, livros, entre outras raridades”.
Na exposição são expostas 13 esculturas, 08 relevos e 16 fotos de árvores – quatro destas peças criadas no ano de 2010 e inéditas para o grande público. As 37 peças estão espalhadas por toda a sala contemporânea do Palacete das Artes Rodin Bahia. Logo na entrada, na varanda que dá acesso às salas internas, está uma de suas obras mais conhecidas: a Flor do mangue - escultura de grande porte construída a partir de resíduos de árvores de manguezais destruídos pela especulação imobiliária-, seguida de outras cinco obras maiores, que ocupão as laterais da sala principal. Nos demais ambientes estão os relevos e as fotografias.
  Conclui-se que as obras de Krajcberg podem oferecer possibilidades de composições e criações artísticas para o dançarino. Principalmente no que tange a perspectiva de diferentes possibilidades expressivas para corpo. São esculturas de grandes dimensões, muitas feitas de cipó, e troncos de madeira queimada, retiradas diretamente de florestas onde houve depredação, além de relevos e fotos. O que chama atenção é a poética do artista em transformar árvores destruídas pelo desmatamento em obras de arte. Madeiras danificadas pelo homem que poderiam ser postas em fogueiras como corpos danificados.
Pode-se perceber que a arte tem o poder de propiciara a inspiração poética, pois o artista transforma a inspiração poética em beleza expressiva. A expressão e beleza das peças são notáveis. A impressão que se tem é que as peças formam uma dança em cânone, onde cada uma delas é solista na coletividade das obras. Lembrou-me um cânone coreográfico onde havia a dialética poética entre os corpos das obras e os corpos dos dançarinos do ACC.
Uma coreografia harmônica entre natureza e o homem. Recorrendo a Katz(2005,p.131) “Sendo o corpo singular,cada qual desenvolve os seus próprios critérios,mas tudo do corpo é mutante,pois ele está sempre em constante transformação”                                                                                                           
 No que tange apreciação individual das obras, percebeu-se a identificação dos participantes, a exemplo de Mailza que se identificou com o quadro de uma grande frondosa e expressiva árvore. Núbia que se identificou com a amplitude da escultura na sala de exposição. Os demais dançarinos se misturaram naturalmente as 13 esculturas de Krajcberg formando um cânone coreográfico em forma de Ciranda no museu Rodin
O passeio cultural ACC DANA 59 proporcionou a vivência cultural e educativa dos participantes do ACC, favorecendo a apreciação artística e análise crítica, construindo a autonomia que forma cidadãos participantes na sociedade. Segundo Freire4A autonomia deve estar centrada em experiências estimuladoras da decisão, da responsabilidade, ou seja, em experiências respeitosas da liberdade. Para isso, a o ensinar, o professor deve ter liberdade e autoridade (FREIRE, 2003, p.104).

Frans Krajcberg cita que é homem inteiramente ligado á natureza. Meu ser, minha vida, minha cultura são a natureza. Dela dependem minha sobrevivência e minha criatividade.

Referências

3 Katz Helena Katz é Profssora e crítica de dança Christine Greiner  é doutora pelo Programa de Semiótica da PUC.
4 Professor Paulo Freire destacou-se por seu trabalho na área da educação popular.


     






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