sexta-feira, 22 de abril de 2011

4º Relatório Ciranda da Ginga no ACC Acessibilidade em Trânsito Poético

                              Universidade Federal   da Bahia                                         
                                       ACC Dana59 – Acessibilidade em Trânsito Poético
                                                                    4º Relatório
                                                                 Ciranda da Ginga
                                                                                                                      Por Catia Assunção e Rubens Oliveira
                                         
  A Ciranda da ginga desenvolvida no dia 15 de Abril de 2011 no ACC DANA 59 teve como objetivo desenvolver possibilidades performáticas e sinestésicas do dançarino (a) a partir dos movimentos da ginga. O inicio das atividades, deu-se pelo acolhimento favorecendo, a interação entre os participantes do ACC. Após o acolhimento houve apresentação teórica da facilitadora Catia Assunção sobre a metodologia da “Ciranda da ginga”. Foi explicado que o monitor Rubens Oliveira desenvolveria a 2ª parte da Ciranda e faria e a descrição da Capoeira Regional.
 Assunção falou de suas experiências junto aos contramestres da Capoeira Angola e sobre a experiência com a Dança Capoeira na Escola de Dança da Bahia com a Doutoranda Sandra Santana, fez breve descrição da Capoeira Angola. Na apresentação foi citado breve histórico da Capoeira Angola da discriminação á Patrimônio imaterial. (vide no final do Relatório).
 Após breve histórico da Capoeira Angola, deu-se início ao aquecimento com todos participantes sentados no chão. Assunção desenvolveu, o trabalho de transferência de peso pela concepção da Ginga. Segundo estudos "a ginga consiste no movimento ritmado de todo o corpo, acompanhando o toque do berimbau, com a finalidade principal de manter o corpo relaxado e o centro de gravidade do corpo em permanente deslocamento, pronto para esquiva, ataque, contra-ataque ou fuga. Durante o gingado, o praticante deve manter-se em movimento permanente, simulando tentativas de ataque e contra-ataque, sempre atento às intenções do parceiro, em contínua postura mental de esquiva e proteção dos alvos potenciais de ataques." A ginga na capoeira angola é individual, exprime a personalidade do jogador. Assim como  trabalha glúteos e quadríceps.
A transferência de peso deu-se pela lateralidade corporal, este conteúdo possibilita a compreensão do corpo pela motricidade, e ás questões de localização: dentro e fora, encima e embaixo, frente e trás, direita e esquerda. Todos os participantes executaram as variações de transferência de peso pela ginga, iniciando dessa forma a composição performática dos participantes do ACC. Foi explicado às bases técnicas da ginga da Capoeira Angola, a exemplo da transferência de peso tendo os pés pressionados no chão com um semi dobramento dos joelhos sem ultrapassar a ponta dos pés. Após o trabalho de transferência de peso, a partir da ginga da Capoeira Angola, a monitora demonstrou outros os movimentos básicos da Capoeira Angola, como a negativa e a cocorinha. A Negativa, como o próprio nome diz negar o golpe. A Negativa é um movimento defensivo dentro da Capoeira, um movimento de esquiva. Trabalha tríceps, musculatura lombar, deltóide, bíceps, glúteos e quadríceps e outros músculos.                                                     
 No seguimento dos exercícios no chão, a monitora Catia deu início à preparação da negativa. A preparação deu-se da seguinte forma: transferência de peso do lado direito para o lado esquerdo sendo que ao fazer a transferência de peso para os lados teria que utilizar as mãos pressionando-as ao chão, após essa fase de transferência de peso foi pedido que utilizassem os braços quando caíssem, pois os braços ajudariam o equilíbrio do corpo no chão e ajudaria a compor Performance.A negativa foi desenvolvida em  todos os níveis(alto,médio e alto).A negativa foi intermediada pelo balanço ginga.Percebeu-se que alguns dos participantes do ACC tinham o entendimento da Ginga,a exemplo de Tereza que conseguiu ter desenvoltura em sua performance.Percebeu-se que Núbia trabalhou bem a coordenação motora e quilíbrio. Dilsileide demonstrou habilidade e agilidade performática, trabalhou bem o espaço cênico. Darlene compôs sua performance com movimentos leves e sutis e com muitos giros.Manuela buscou em suas possibilidades performáticas o equilíbrio e lateralidade   
                              A participante Ana Carla Souza trabalhou sua transferência de peso (ginga) dialogando diretamente com participante Dilton Jesus, a mesma compôs sua performance dando ênfase aos braços,pernas e tronco,buscando em sua ginga,os entremeios entre  leveza e peso e fluência controlada e  rápida. Dilton desenvolveu sua performance junto a Carla, notou-se que mesmo dançando juntos houve o respeito a individualidade(gingueira) de cada um.Ambos desenvolveram suas possibilidades performáticas em nível baixo.
Próximo movimento a ser trabalhado na Ciranda da Ginga ,foi Cocorinha método evasivo, nomeadamente consiste na forma de evitar  pontapés circulares efetuados em curta distância. Para desenvolver, este movimento é necessário que uma das mãos toque o solo para que haja equilíbrio, e, tal como em todos os movimentos e "jogo" da Capoeira, é necessário manter sempre, o contacto visual com o adversário. Essa movimentação trabalha tríceps, musculatura lombar, deltóide, bíceps, glúteos e quadríceps e outros músculos. O movimento da cocorinha trabalhou também os níveis espaciais. Após a introdução dos movimentos da Ginga,Negativa e Cocorinha, percebeu-se que todos  os participantes estavam construindo suas possibilidades performáticas e sinestésicas.A etapa seguinte foi o encontro das duplas para iniciarem os diálogos performáticos, houve a troca das duplas e trios, todos participantes dialogaram entre si.
Notou-se que jaguar interagiu bem com todos os participantes criando diálogos bem interessantes, o mesmo participou de todas as atividades sempre utilizando rompantes performáticos e utilizou bastante  o espaço cênico. Carla Souza dialogou bem com seus parceiros, a mesma construiu possibilidades criativas, desenvolvendo seu diálogo com duas pessoas ao mesmo tempo, pois a mesma tinha que dialogar com a pessoa que estava na sua frente e com a pessoa que estava lhe dando suporte performático (Dilton). Carla trabalhou com a percepção cênica da lateralidade para desenvolver suas potencialidades performáticas. Diálogo entre Manuele,Carla e Dilton de Jesus.
             Após o trabalho em duplas teve início a Mostra Cênica da Roda Performática todos ficaram na grande Roda e cada participante demonstrou as possibilidades performáticas adquiridas na Ciranda da Ginga (trabalho solístico).Após o trabalho solístico, deu-se início aos diálogos dos corpos na Grande Roda Performática, cada participante dialogou performaticamente com outro participante dentro da grande Roda. É importante que se diga que a música utilizada para a Ciranda da Ginga não foi específica de Capoeira, utilizou-se músicas distanciadas da Capoeira como forma estratégia de composição, pois o foco era desenvolver possibilidades performáticas e sinestésicas para criação em Dança, a partir da ginga e não fazer jogos de Capoeira. Foi observado no desenvolvimento da 1ª parte da Ciranda da Ginga, que cada participante exprimiu sua personalidade performática no contexto da Grande Roda. Os diálogos construiram retalhos poéticos  no balanço da ginga. Como explicam Greiner e Katz 3(2005,p.8) “O corpo é resultado de contínuas negociações de informações com o ambiente e carrega este modo de existir para outras instâncias de seu funcionamento”

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                         3 Helena Katz é Professora e crítica de dança e Christine Greiner  é doutora pelo Programa de Semiótica da PUC
A Ciranda ministrada por Rubens começou pela explanação das experiências do mesmo na Capoeira Regional. O monitor citou que seu início na Capoeira deu-se pelo convite do seu professor de Capoeira, que percebeu aptidão de Rubens para estudar Capoeira.A partir do convite  feito pelo professor de Capoeira,Rubens começou a estudar Capoeira e continua até hoje,trazendo suas experiencias capoeirísticas para o ACC Acessibilidade em Trânsito Poético Dana 59 .Após a explanação de Rubens sobre suas experiências, deu-se início a demostração dos movimentos base da Capoeira Regional.
O Monitor trouxe, a ginga da Capoeira Regional onde, a transferencia de peso  é mais área,os pés saem do chão em quanto, a Capoeira Angola a transferencia de peso, é feita com a base dos pés no chão,todos seguiram as orientações de Rubens.Após a descrição e prática da Ginga Regional,Rubens  demostrou o movimento da negativa Regional,esse movimemto, tem seus pontos de apoio mais distanciados do chão em quanto na Capoeira Angola os pontos de apoio são rentes ao chão. Outro movimento demostrado por Rubens foi Corta Capim,esse movimento é feito com umas das pernas na frente do corpo em nível médio, a perna de base está dobrada, uma das mãos está tocando  o chão em quanto a outra mão está livre.A perna que está na frente do corpo faz giros que constituem  golpes.
No decorrer  da Ciranda foi desenvolvido, o movimento meia lua de  frente,onde uma  pernas sai do chão com giros em 90 graus,em quanto a perna de base está fixa no chão.Os movimentos trabalhados por Rubens, forão rápidos e agéis.Pode-se obervar que os participantes prestaram atenção nas indicações de Rubens sobre os movimentos da Capoeira Regional,perceberam as semelhanças e diferenças entre a técnica da Capoeira Angola e da Capoeira Regional.
No decorrer das explicações do Monitor Rubens,  houve simultaneamente,as experiementações de cada participante,era visível o desenvolvimento performático de cada Cirandeiro e cirandeira.Percebeu-se que, os  participantes utilizaram as posssibilidades performáticas das duas Tecnicas capoeirísticas,utilizando os movimentos agéis e aéreos da Capoeira Regional e os movimentos contidos e e rasteiros da Capoeira Angola.Rubens  convocou novamente a Ciranda Performática,o monitor dialogou com todos os cirandeiros, que como ele, demonstraram  agilidade  e criatividade performática.Com o término da Ciranda da Ginga houve o diálogo entre oa participantes sobre suas refexões e vivências a partir da Ciranda  da Ginga.Todos citaram as semelhanças e diferenças sobre a  ginga, assim como a outros movimentos da Capoeira.As participantes Tereza e Nubia focaram as diferenças de dinâmicas entre a rapidez da Capoeira Regional e o controle da Capoeira Angola,Carla citou que as semelhanças entre Capoeira Angola e Regional,ajudaram na concepção de possibilidades performáticas,através da Ginga.
As participantes Darlene e Dilsileide remeteram-se as diferencias de níveis.Dilton falou sobre sua parceria performática com Carla e de como juntos desenvolvearm sua dança gingada.Jaquar comunicou a partir de gestos e falas particulares como foi  gratificante a Ciranda da Ginga.Os participantes Ana Paula,Joilsom e filho chegaram atrasados e não participaram da Ciranda,ficaram com ouvintes no final da Ciranda.
Sobre as contribuições dos ministrantes Catia Assunção e Rubens Oliveira. Concluiu-se que, os Cirandeiros Rubens e Cátia souberam ministrar e  orientar  as diferenças e semelhanças entre a  Capoeira Angola e Regional para que os participantes pudessem desenvolver suas possibilidades performáticas e sinestésicas para a criação em Dança.Nota-se que a Ciranda da Ginga, desenvolvida no ACC Acessibilidade em Trânsito Poético, possibilitou a produção de conhecimentos em Dança, favorecendo a prática pedagógica da Educação Popular entre todos os participantes do ACC.A partir do nosso Patrimônio  Imaterial  a “Capoeira” seja Angola ou Regional. “Como cita o Educador Popular Paulo Freire “Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenha para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes”.
 Breve histórico da Capoeira Angola.
O Brasil a partir do século XVI foi palco de uma das maiores violências contra um povo. Mais de dois milhões de negros foram trazidos da África, pelos colonizadores portugueses, para se tornarem escravos nas lavouras da cana-de-açúcar. Tribos inteiras foram subjugadas e obrigadas a cruzar o oceano como animais em grandes galeotas chamadas de navios negreiros. Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro foram os portos finais da maior parte desse tráfico.
Ao contrário do que muitos pensam, os negros não aceitaram pacificamente o cativeiro; a história brasileira está cheia de episódios onde os escravos se rebelaram contra a humilhante situação em que se encontravam.
Uma das formas dessa resistência foi o quilombo; comunidades organizadas pelos negros fugitivos, em locais de difícil acesso. Geralmente em pontos altos das matas. O maior desses quilombos estabeleceu-se em Pernambuco no século XVII, numa região conhecida como Palmares.
Uma espécie de Estado africano foi formado. Distribuído em pequenas povoações chamadas mocambos e com uma hierarquia onde no ápice encontrava-se o rei Ganga-Zumbi, Palmares pode ter sido o berço das primeiras manifestações da Capoeira.Desenvolvida para ser uma defesa, a Capoeira foi sendo ensinada aos negros ainda cativos, por aqueles que eram capturados e voltavam aos engenhos. Para não levantar suspeitas, os movimentos da luta foram sendo adaptados às cantorias e músicas africanas para que parecesse uma dança.
Assim, como no Candomblé, cercada de segredos, a Capoeira pode se desenvolver como forma de resistência.Do campo para a cidade a Capoeira ganhou a malícia dos escravos de 'ganho' e dos frequentadores da zona portuária. Na cidade de Salvador, capoeiristas organizados em bandos provocavam arruaças nas festas populares e reforçavam o caráter marginal da luta. Durante décadas a Capoeira foi proibida no Brasil.
A liberação da sua prática deu-se apenas na década de 30, quando uma variação da Capoeira (mais para o esporte do que manifestação cultural) foi apresentada ao então presidente, Getúlio Vargas. De lá para cá a Capoeira Angola aperfeiçoou-se na Bahia mantendo fidelidade às tradições, graças principalmente ao seu grande guru, Mestre Pastinha, que jogou Capoeira até os 79 anos, formando gerações de angoleiros.


Breve hitórico da Capoeira Regional
Originalmente chamada de luta regional baiana, o estilo tem ênfase na marcialidade e seus pilares são a capoeira primitiva (mais tarde chamada de capoeira de Angola, por uma questão de identidade e para contrapor a recente notoriedade do novo estilo criado por Bimba) e o batuque (samba-luta), somados, claro, à genialidade de Mestre Bimba. Trata-se de uma versão mais enxuta da capoeira tradicional, incorporando também alguns poucos movimentos de outras artes marciais.Bimba criou seqüências pré-definidas de ataque, defesa e contra-ataque, com movimentos mais objetivos e eficientes, tendo poucos floreios rasteiros. Para certificar-se da eficiência de seu novo estilo, Bimba costumava armar emboscadas surpresa para seus alunos formados, podendo avaliá-los em uma situação real.

 Creditos do ACC DANA 59
Créditos
Equipe
Profª Drª Fátima Daltro e Profª Drª Lenira Rangel (coordenação da ACC e da Atividade de Extensão);
Edu Oliveira (apoio e monitoria do ACC);
Barbara Santos (Tirocínio docente em Dança);
Ana Clara Santos (mestranda de Dança);
Ana Cecília Soares(mestranda de Dança);
Monitoria
Cátia Assunção (Dança/bolsista ACC/ monitoria);
Viviane Fontoura  (Dança/Bolsista  PIBID/ voluntária do ACC);
Darlene S. Menezes (Dança/ voluntária do ACC);
Manuele Conceição dos S. Reis (Dança/ voluntária do ACC);
Dilsileide S.Aleluia (Dança/ voluntária do ACC);
 Larissa de C. G. Cunha (Dança/ voluntária do ACC);
Educanda Participante do ACC
Ana Carla Souza;
Ana Paula de Jesus;
 Mailza Borges;
Tereza Silva;
 Rubem Oliveira;
 Joilson Costa;
Ana Paula Costa;
Jaguracy Santos;
  Beline Miniz;
  Nubia Silva.
  Referencias
Katz, H. Um, dois, três. A dança é o pensamento do corpo. Belo Horizonte: Ed: Fid. 2000.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia - saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2003.




                                     



 

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